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sábado, 31 de maio de 2014

CUIDADO COM O SOL


Recordando. com saudade, três amigos que faleceram com melanoma, transcrevo este texto com intenção de que os visitantes deste espaço se protejam.

Cuidado com o sol. Bronze no Verão deixa marcas na pele para a vida
Por Marta F. Reis.Publicado em 31 Maio 2014 - 05:00

As nuvens foram embora, a temperatura subiu e a pensar no primeiro mergulho este fim-de-semana?

Recapitulamos as precauções com a ajuda de Osvaldo Correia, dermatologista e secretário-geral da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo, e de Ana Raimundo, oncologista especialista em cancro da pele do IPO do Porto. Todo o cuidado com as crianças é pouco e peles morenas não pensem que por isso a radiação ultravioleta se vai desviar para o branquela do lado

1. Faz-nos bem apanhar Sol?

Precisamos de sol para fabricar vitamina D e para a calcificação dos ossos. Osvaldo Correia lembra também que uma exposição lenta e gradual ao sol, no início e final do dia, sobretudo em dias com índice ultravioleta não muito elevado é desejável e até útil para melhorar algumas dermatoses, sobretudo eczemas, como é o caso da psoríase.” O perigo está nas exposições excessivas, em particular intermitentes e quando a radiação ultravioleta é mais intensa, em que as pessoas apanham escaldões e ficam com pele vermelha, sublinha Ana Raimundo. O excesso de radiação aumenta a produção de radicais livres e pensa-se que contribui para o envelhecimento, além de aumentar o risco de lesões cancerígenas nas células da pele.

2. Qual a exposição diária recomendada? 

“15 a 20 minutos , no início e/ou final do dia”, explica Osvaldo Correia, que deixa uma pista para perceber quando o perigo é maior: quando a nossa sombra é significativamente maior do que nós próprios. Entre as 11h e as 16h é desaconselhada exposição directa: a maior elevação do sol faz com que a radiação UV seja mais forte.

 3. O Sol do Verão faz pior?

 “Não necessariamente”, diz o dermatologista. É importante, para além da temperatura, estar atento ao índice ultravioleta (UV) que poderá variar entre 1 e 11, sendo alto entre 6 e 7, muito elevado ente 8, 9 e 10 e extremo o 11. “Não é raro nesta fase da Primavera ocorrerem dias sem muito calor, mas com índices de UV elevados. Dias de vento ou de nevoeiro, podem ser traiçoeiros. Podemos ter dias amenos com índices de UV muito elevado, logo com risco elevado de queimadura solar”, diz o médico.

 4. Pode apanhar-se um escaldão num dia nublado?

Sim. A radiação é suficientemente intensa para originar queimaduras a não ser que as nuvens sejam muito baixas e espessas. O mesmo acontece dentro de água.

5. Como sei os níveis de radiação UV antes de sair de casa? 

Podem ser consultados no site do Instituto do Mar e da Atmosfera.

 6. Que cuidados devo ter no Verão? 

No dia-a-dia durante o Verão e em particular se temos actividade ao ar livre: seja no trabalho ou em lazer, deveremos usar protecção solar, idealmente com chapéu e roupa, recomenda Osvaldo Correia. Nas áreas não passíveis de protegermos com vestuário devemos usar protecção solar 30 ou superior, renovada a cada duas horas se houver actividades ao ar livre. Isto vale por exemplo para quem pratica desporto ou corrida, devendo evitar as horas de maior calor.

 7. É melhor protector líquido ou em spray? 

“Quanto mais fluido for um protector, mais vezes tem que ser renovado na mesma área para obter a protecção efectiva referida na embalagem”, resume Osvaldo Correia, sendo os produtos em spray os mais fluidos.

8. O Sol da praia é mais perigoso do que o da montanha?

“Para a mesma altitude e condições atmosféricas o sol da praia é igual ao do campo”, sublinha o médico, adiantando que a temperatura e frequentemente o índice ultravioleta poderão até ser mais elevados na montanha.

 9. Que cuidados devo ter antes de uma ida à praia?

Usar o protector solar 20 a 30 minutos antes da exposição e, idealmente, renovar, sobretudo em zonas sensíveis como o rosto, ombros, antebraços, cerca de 30 minutos depois de iniciar a exposição intencional. A partir daí deve renovar-se ao fim de cerca de duas horas se não for possível ir para a sombra. “O molhar ou o suor diminui a eficácia, logo terá que ser renovado mais cedo”, avisa o médico.

 10. Qual é a diferença entre os filtros solares dos cremes e como sei qual devo usar? 

Existem filtros químicos e écrans minerais e muitas vezes uma combinação. “Os écrans minerais estão particularmente indicados para peles reactivas, alérgicas, sendo os ideais para bebés.” Mas a mensagem principal é que não se deve usar protector para prolongar o tempo de exposição ao sol: “pode dar uma sensação de segurança falsa”. Isto é particularmente importante em crianças.

 11. Em Portugal o factor de protecção mais elevado é o 50 mas há países onde se usa o 70. Há diferenças? 

A recomendação é para o uso generalizado de factor de protecção solar 30+ , em creme ou leite. “Protectores mais elevados estarão recomendados para peles mais sensíveis, algumas fotodermatoses ou quando as pessoas estão medicadas com fármacos fotossensibilizantes”, diz Correia, reforçando que que a aplicação correcta é crucial “Um protector 50 + extrafluido poderá, se não for correctamente aplicado, originar uma protecção até inferior a um creme 30.” 

12. É verdade que os protectores perdem a validade de um ano para o outro?

Depois de abertos devem ser usados nos 9 a 12 meses seguintes. “No entanto devem estar resguardados de luz directa ou de temperaturas elevadas”, diz o médico.

13. Que cuidados se deve ter com as crianças?

A pele das crianças é mais fina e tem um sistema de pigmentação pouco desenvolvido, estando por isso sujeita a mais queimaduras e penetração da radiação. Daí a protecção ter de ser ainda maior. Evitar horas de intensidade solar máxima, usar chapéus de aba larga e roupas mais escuras ajudam a proteger. Recomenda-se também a aplicação generosa de creme, além de beber água. Antes dos três anos não se recomenda a exposição directa ao sol.

 14. Já existe protector solar para beber? 

É uma nova moda nos EUA e este Verão está também à venda no Reino Unido. Passa pela ingestão a cada quatro horas de água energizada que, alegadamente, absorve 97% da radiação UV que atinge o corpo. Várias sociedades médicas têm alertado que, além da informação disponibilizada pela empresa, não há estudos publicados sobre o efeito, pelo que não recomendam.

15. As peles claras têm maior risco, nomeadamente de cancro da pele?

“As pessoas de pele clara, cabelo louro e ruivo, que fazem facilmente sardas quando se expõem um pouco ao sol, têm um risco aumentado”, explica a oncologista Ana Raimundo. As peles claras têm uma protecção natural mais reduzida, ou seja, mais rapidamente ficam coradas ao sol quando a ele expostas sem protector, reforça Osvaldo Correia. No entanto, ser moreno engana. “Raramente ficam vermelhas mas devem também proteger-se pois poderão prolongar o tempo de exposição e estarão submetidas a doses de UVB e UVA sem qualquer sintomatologia de alerta.”

 16. Quais as zonas que devem ser mais protegidas? 

As zonas de pele mais sensível como a face, sobretudo maçãs do rosto e nariz, orelhas, decote, pescoço, ombros, dorso, sobretudo entre omoplatas, explica Osvaldo Correia, que lembra ainda a necessidade pessoas calvas, mesmo que parcialmente, devem proteger o couro cabulado. “Se o tecido de fato de banho não for de tecido poroso não se justifica o uso por baixo do mesmo”, diz. A oncologista Ana Raimundo sublinha que as orelhas, mãos e pés são por vezes zonas esquecidas e onde por vezes surgem lesões cancerígenas.

 17. Quantos tipos de cancro cutâneo existem? 

Três. Em células da pele menos superficiais, existe o carcinoma baso-celular (o mais frequente) e o espino-celular. O mais grave é contudo o de terceiro tipo, o melanoma, o menos frequente mas o que causa mais mortes. Todos os anos são diagnosticados mil casos no país. Desenvolve-se nos melanócitos, células da pele que produzem o pigmento que a defende, a melanina, e dá também o tom bronzeado.

18. É verdade que a exposição ao sol está por detrás 90% dos cancros da pele?

“É de facto o principal factor de risco mais frequente”, diz a oncologista. No caso melanoma, esse efeito ainda é mais expressivo: resulta sobretudo de uma exposição curta e intermitente às radiações ultravioleta.

 19. Ter escaldões na infância aumenta o risco de cancro anos mais tarde?

 Diversos estudos provam que durante a infância, na primeira década de vida, a exposição solar excessiva aumenta o risco de desenvolver melanoma cerca de dez vezes, diz a médica. “Isto está muito bem demonstrado na Austrália, país onde as radiações ultravioleta são bastante intensas e onde até é obrigatório nas escolas os alunos andarem sempre protegidos, com chapéu e camisolas de manga comprida.” Estando quantificado o risco de uma exposição excessiva na infância, a médica sublinha que na adolescência e se as queimaduras continuarem a repetir-se todos os anos, o risco será cada vez maior. Até porque a capacidade do corpo humano para se proteger e reparar os danos induzidos pela radiação UV decresce ao longo da vida.

 20. Há zonas onde estes cancros surjam mais vezes porque as pessoas não as costumam proteger?

Surgem em geral nas zonas mais expostas, diz a médica, mas também em zonas que ficam por proteger como as orelhas, até no interior. “Nos homens surge mais vezes no tronco e nas mulheres nos membros inferiores, nas pernas”, diz Raimundo.

 21. Os homens devem pôr creme nas pernas, mesmo com os pelos? 

Sim, toda a gente deve por creme em todas as áreas expostas, explica a médica. Osvaldo Correia sublinha que a pilosidade permite apenas que se use um protector mais fluido, mas o indicado é sempre acima de factor+30.

 22. Os óculos de sol são recomendados por causa de algum tipo do cancro?

Existe o melanoma de coróide, o tumor mais frequente no olho. “Não está tão associado ao sol como o cancro da pele mas existe ligação, embora se pense que está mais ligado a uma susceptibilidade genética.” Por vezes também surgem lesões nas pálpebras. Nos olhos, o excesso de radiação pode também levar ao desenvolvimento de cataratas.

 23. Quando já se tem um escaldão, há alguma coisa a fazer para prevenir lesões? 

Nada a fazer, explica a médica, sublinhando a importância da protecção. Cremes “aftersun” podem aliviar ardor, dor e sintomas mas não anulam o efeito da radiação ultravioleta sobre as células da pele. “O mal está feito.”

 24. Depois da época balnear, deve fazer-se vistoria aos sinais? 

Ana Raimundo sublinha que esse cuidado deve existir todo o ano. “Deve-se ter o cuidado de olhar para pele no dia-a-dia e se aparecer algum sinal, se crescer muito depressa, alterar de cor ou dar dor, comichão ou hemorragia deve-se ir ao médico para observação.” Não esquecer de ver entre os dedos e nas costas, com ajuda de um espelho, são os avisos da médica. Ter esse hábito durante o banho é o suficiente para a maioria das pessoas mas as que têm muitos sinais devem ser acompanhadas por um dermatologista.

 25. As pessoas com muitos sinais devem usar um factor de protecção mais forte?

 A recomendação de Ana Raimundo é que utilizem o factor 50 em todo o corpo.

26. Que sinais passam mais despercebidos?

“Sinais que se alteram em localizações menos visíveis”, diz a médica. É o caso de alterações em sinais nas costa, nas nádegas, nas plantas dos pés. Existem também melanomas debaixo das unhas, alerta médica, manchas escuras que aparecem como se a pessoa se tivesse entalado. “Se não houve nenhum trauma devem consultar o médico.”

 27. Existe algum tamanho suspeito? 

“O tamanho por si só não significa nada”, diz a médica, ainda que pessoas com nevos congénitos, sinais grandes e escuros de nascença, devam ter particular cuidado com eles. “O que importa é estar atento e sensibilizado para as alterações”, reforça Ana Raimundo, já que a intervenção precoce, se necessário para remover o sinal, é essencial. Esta mnemónica que pode ajudar: ABCDE. “A” de assimetria, que pode indicar melanoma maligno. “B”, se as bordas são irregulares, ou mal definidas. “C” de cor, se apresenta muitas ou muda, de vermelho, azul, cinza ou esverdeado. “D” de diâmetro, mais de 6 centímetros. “E” de evolução, se qualquer lesão ou mancha na pele se altera na forma ou cor.

28. bebidas que ajudam a bronzear são prejudiciais?

A médica explica que tudo depende da exposição ao sol. Se, por isso, se for expor mais ao sol sem a devida protecção é que passa a ser prejudicial. “É preciso ter noção que as radiações ultravioletas podem ultrapassar vidro e também se verificam à sombra, mas se for um bronzeado progressivo é o risco é menor.”

 29. Comer cenouras ajuda a ficar bronzeado? 

Não há milagres mas ajuda reforçar a ingestão de alimentos ricos em betacaroteno durante o Verão e evitar citrinos como limão, que pode contribuir para manchas da pele. Nos dias de maior calor a recomendação mais consensual é reforçar a ingestão de água.

4 comentários:

Celle disse...

João boa materia essa, pode ajudar muita gente inclusive a mim, sou muito clara, e vivo coçando áreas mais ásperas, um alerta para não me descuidar.
obrigada pela informação
bjs

Mariazita disse...

Querido amigo João
Sou, como sabe, e infelizmente, versada na matéria :(
A desgraça que atingiu a minha família não foi por falta de cuidado, já que o meu marido (como todos nós) usava sempre protector solar com factor elevado. E também não se expunha demasiado tempo ao sol, protegendo-se debaixo do guarda-sol.
Mas é claro que não foi sempre assim, antigamente não havia a informação que começou a ser divulgada nos últimos anos.
E há quem diga que estas doenças podem andar "adormecidas" muitos anos e depois manifestarem-se. Não sei se é verdade ou não...

Gostei desta postagem.
Estes conselhos devem ser divulgados o mais possível.

Boa semana.
Beijinhos

A. João Soares disse...

Amiga Celle,

Como sabe, este nosso blog destina-se a beneficiar toda a gente com cuidados com a saúde através de meios naturais.
Dos meus muitos blogues é o que tem mais visitantes, acima geralmente dos 500 diários.

Beijos
João Soares

Celle disse...

preocupado com o bem estar das pessoas o amigo não mede esforços para manter suas fontes de, "colaboração e informação", sempre atualizadas
parabens