Uma nova chave para curar a tuberculose
DN. 5 de Outubro de 2009
A descoberta de uma enzima que torna o bacilo de Koch resistente ao nosso sistema imunitário e de um método para a neutralizar abre a porta à cura desta doença, que mata cerca de 2 milhões de pessoas por ano. Mas a investigação terá ainda de passar por vários testes que poderão levar uma década até a esperança numa cura se poder tornar uma realidade.
Há uma nova esperança para a cura da tuberculose, que infecta mais de 3 mil portugueses por ano e mata 2 milhões de pessoas anualmente. Depois de terem identificado uma enzima que torna o bacilo da doença resistente ao sistema imunitário humano, investigadores da Universidade de Iowa, nos EUA, encontraram um método que pode neutralizar aquela enzima, abrindo caminho à cura para a doença contagiosa.
Reuben Peters - que lidera a equipa de investigadores da Iowa State, Universidade de Illinois e da Universidade de Cornell - explica que na maioria dos casos de infecção, o corpo defende-se com certas células, que matam os microorganismos invasores. São justamente estas células que têm a capacidade de destruir micróbios.
A promissora descoberta do professor da Iowa State University é que o bacilo da tuberculose produz uma molécula defensiva que impede aquelas células de o destruírem. Reuben Peters e a sua equipa baptizaram a molécula com o nome edaxadiene.
A seguir àquele descoberta, o professor tentou encontrar moléculas que se fundissem com a edaxadiene da tuberculose e a neutralizassem. Este processo impede as células da tuberculose de produzir esta molécula resistente ao sistema imunitário. Sem ela, as células da tuberculose teriam uma reduzida capacidade de resistência, sendo destruídas pelas células salvadoras.
A boa notícia é que o investigador Reuben Peters pensa já ter encontrado uma molécula com esta capacidade. "Temos inibidores que se juntam a uma das enzimas que forma a edaxadiene num tubo de ensaio", disse o cientista. A notícia menos boa é que encontrar um inibidor que funcione fora do tubo de ensaio, em humanos, seja estável e possa ser ingerida em segurança é um processo que pode demorar uma década.
Apesar disso, Peters acredita que no fim do processo, a recompensa pode ser enorme. "O que digo aos meus alunos é que se conseguirmos causar um impacto de apenas um por cento, podemos estar a contribuir para salvar 15 mil a 20 mil vidas por ano", afirmou, acrescentando que tal é "um contributo significativo para aliviar o sofrimento humano".
O grupo de investigadores descobriu a molécula quando comparava o tipo de tuberculose que mata os humanos com aquela que afecta o gado, e não tem qualquer efeito nas pessoas. A chave foi descobrir que o micróbio do gado não produz edaxadiene.
3 comentários:
Só é pena, João Soares, que leve tanto tempo .... Pensando nos que estão a sofrer, como desejaria fosse tudo mais rápido.
Maria Letra
Querida Mizita,
Tudo tem que obedecer a regras. É preferível testar bem o medicamento do que pôr no mercado um produto altamente perigoso, sem os retoques aconselhados pelos testes. Compreendo que quem sofre estaria disposto a utilizar uma coisa mesmo sem haver totais garantias de eficiência e segurança. Mas vale mais prevenir...
Beijos
João
Amigo João Soares,
Sim, os testes são necessários e é isso, também, o que se faz aqui no Reino Unido. Por exemplo, relativamente à hepatite C, há casos de cura com um novo tratamento, contudo, a sua aplicação tem em conta, em primeiro lugar, a vontade, ou não, do doente sujeitar-se a ser mais uma cobaia e, depois, a equipe médica discute se a idade do doente é tão jovem que possa ser um risco de vida mais curta, aplicá-lo. Nunca se sabe o que pode vir a acontecer com o doente !...
Um bom dia.
Maria Letra
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