Remédio mais vendido é prescrito de forma errada
DN. 091114. por DIANA MENDES
Medicamento para prevenir AVC e enfarte é sobreutilizado, alertam os médicos. Os custos são enormes, apesar de haver alternativas de tratamento 20 vezes mais baratas.
O medicamento líder de vendas em Portugal "está a ser receitado de forma irracional e maciçamente em off-label", ou seja fora da indicação para a qual está indicado", alerta ao DN António Vaz Carneiro, presidente do Centro de Estudos de Medicina baseada em Evidência. O plavix (clopidogrel), está a ser prescrito na prevenção de AVC ou enfartes em doentes de risco e não apenas a quem já teve um evento, situação para a qual foi aprovado. "A sobreutilização custa milhões ao Estado, já que, em alternativa, devia ser prescrita a aspirina, que custa 20 vezes menos", diz o cardiologista João Morais.
Um ano depois de a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) ter anunciado que ia investigar a prescrição elevada deste e de outro remédio (o omeoprazol), a situação mantém-se. De acordo com dados da consultora IMS Health, o plavix é o líder do top 10 das vendas de Outubro (ver caixa). Só em 2008, a Sanofi Aventis, que o comercializa, registou 70 milhões de vendas. "Claramente é o mais prescrito em Portugal. As vendas não baixaram desde 2008", diz Carlos Santos, o director médico. Desconhecendo que percentagem se deve às vendas off-label, o clínico refere que o medicamento - dado em simultâneo com aspirina - está indicado "na prevenção secundária de AVC e enfartes do miocárdio, na doença arterial periférica e angioplastias com colocação de stent {técnica para desobstruir as artérias]". O especialista garante ainda que o laboratório não promove o uso do produto para outros casos: "Não promovemos outras indicações, que são responsabilidade do médico".
João Morais, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, alerta que a utilização do plavix na prevenção em doentes sem eventos prévios "nunca foi estudada,", confirmando que "o remédio está a ser sobreutilizado em Portugal". "Há milhões de portugueses a ser tratados com este remédio, incluindo hipertensos ou diabéticos", diz João Morais.
Segundo o cardiologista, só os 10 a 15% dos doentes que nunca tiveram eventos cardiovasculares é que são aconselhados a tomar plavix por serem intolerantes ao ácido acetilsalicílico (aspirina).
Para o especialista, esta indicação é uma das razões do elevado consumo. "Estou seguro que os médicos o fazem para não ter chatices, precisamente por razões apontadas para os tais 15% de doentes". Por isso, considera que o excesso de prescrição "é despropositado, sem suporte científico e fora das indicações, quando há alternativas tão eficazes e baratas".
A isto juntam-se as fortes acções de marketing do medicamento, referem os vários médicos.
O grande problema do consumo excessivo é o desperdício financeiro do Estado. Isto porque os médicos dizem acreditar que mesmo nos casos de uso off-label deste medicamento são poucas as reacções adversas, sendo a mais comum a hemorragia. O presidente do colégio de cardiologia da Ordem dos Médicos, Mariano Pego, admite um "claro exagero na prescrição", mas atribuiu as culpas aos médicos de família. Já para João Morais, tem havia falta de regulação por parte do infarmed, que devia controlar o uso de off-label, como é feito em outros países europeus. O Infarmed não quis prestar esclarecimentos.
DN. 091114. por DIANA MENDES
Medicamento para prevenir AVC e enfarte é sobreutilizado, alertam os médicos. Os custos são enormes, apesar de haver alternativas de tratamento 20 vezes mais baratas.
O medicamento líder de vendas em Portugal "está a ser receitado de forma irracional e maciçamente em off-label", ou seja fora da indicação para a qual está indicado", alerta ao DN António Vaz Carneiro, presidente do Centro de Estudos de Medicina baseada em Evidência. O plavix (clopidogrel), está a ser prescrito na prevenção de AVC ou enfartes em doentes de risco e não apenas a quem já teve um evento, situação para a qual foi aprovado. "A sobreutilização custa milhões ao Estado, já que, em alternativa, devia ser prescrita a aspirina, que custa 20 vezes menos", diz o cardiologista João Morais.
Um ano depois de a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) ter anunciado que ia investigar a prescrição elevada deste e de outro remédio (o omeoprazol), a situação mantém-se. De acordo com dados da consultora IMS Health, o plavix é o líder do top 10 das vendas de Outubro (ver caixa). Só em 2008, a Sanofi Aventis, que o comercializa, registou 70 milhões de vendas. "Claramente é o mais prescrito em Portugal. As vendas não baixaram desde 2008", diz Carlos Santos, o director médico. Desconhecendo que percentagem se deve às vendas off-label, o clínico refere que o medicamento - dado em simultâneo com aspirina - está indicado "na prevenção secundária de AVC e enfartes do miocárdio, na doença arterial periférica e angioplastias com colocação de stent {técnica para desobstruir as artérias]". O especialista garante ainda que o laboratório não promove o uso do produto para outros casos: "Não promovemos outras indicações, que são responsabilidade do médico".
João Morais, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, alerta que a utilização do plavix na prevenção em doentes sem eventos prévios "nunca foi estudada,", confirmando que "o remédio está a ser sobreutilizado em Portugal". "Há milhões de portugueses a ser tratados com este remédio, incluindo hipertensos ou diabéticos", diz João Morais.
Segundo o cardiologista, só os 10 a 15% dos doentes que nunca tiveram eventos cardiovasculares é que são aconselhados a tomar plavix por serem intolerantes ao ácido acetilsalicílico (aspirina).
Para o especialista, esta indicação é uma das razões do elevado consumo. "Estou seguro que os médicos o fazem para não ter chatices, precisamente por razões apontadas para os tais 15% de doentes". Por isso, considera que o excesso de prescrição "é despropositado, sem suporte científico e fora das indicações, quando há alternativas tão eficazes e baratas".
A isto juntam-se as fortes acções de marketing do medicamento, referem os vários médicos.
O grande problema do consumo excessivo é o desperdício financeiro do Estado. Isto porque os médicos dizem acreditar que mesmo nos casos de uso off-label deste medicamento são poucas as reacções adversas, sendo a mais comum a hemorragia. O presidente do colégio de cardiologia da Ordem dos Médicos, Mariano Pego, admite um "claro exagero na prescrição", mas atribuiu as culpas aos médicos de família. Já para João Morais, tem havia falta de regulação por parte do infarmed, que devia controlar o uso de off-label, como é feito em outros países europeus. O Infarmed não quis prestar esclarecimentos.
3 comentários:
ola!simpatizei muito o vosso fórum!
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Fiquem bem
Estou utilizando o Plavix 75Mg à exatos 3 mêses,juntamente com o Coumadin de 2,5 Mg,na tentativa de dissolver um Trombo no cerebelo,que me causou um AVC Isquêmico,porém,o Médico vai usar Aspirina no lugar do Plavix,a pergunta que fica no ar são as seguintes:Será que é realmente correto? Se for,para que a existência do Plavix no mercado?
Bruno Marinho Ribeiro,
Começo por dizer que não sou médico e não tenho autoridade para lhe dar a resposta que pede. Depois de um hipotético AIT (Acidente Isquémico Temporário) o médico especialista receitou o Plavix. Passado algum tempo pela informação colhida entre amigos e numa farmácia, e atendendo ao preço, passei para a aspirina 100 comprimidos gastrorresistentes. Há quem use Cartia.
Qualquer destes produtos torna o sangue mais fluido, demorando mais a coagulação, pelo que antes de uma cirurgia deve parar-se o tratamento durante cerca de um mês. E, se sofrer um ferimento deve avisar quem o socorrer de que anda a tomar o medicamento.
Desejo rápida recuperação.
Abraço
João
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