Esta doença tem
uma taxa de mortalidade superior a vários cancros comuns
04/05/22 06:00 ‧ Por Notícias Ao Minuto
Joana Pimenta, do Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar Gaia/Espinho / coordenadora do NEIC da SPMI, partilha um artigo de opinião com o Lifestyle ao Minuto.
A 6 de maio comemora-se o Dia Europeu da Insuficiência Cardíaca. Apesar de ser uma doença muito frequente no nosso país, na Europa e no mundo, continua a ser muito pouco reconhecida pela população geral. E, na verdade, é a primeira causa de hospitalizações em muitos países, tem uma taxa de mortalidade superior a vários cancros comuns (cerca de 50% em cinco anos) e é responsável por perda significativa da qualidade de vida dos doentes. Esta importante carga de doença acarreta, compreensivelmente, elevados custos económicos e para todos nós, enquanto sociedade.
A insuficiência cardíaca (IC), mais do
que uma doença, é uma condição que resulta da incapacidade do coração
corresponder às necessidades acrescidas de fluxo sanguíneo do organismo, impossibilitando-o de realizar atividade física sem agravar os sintomas,
que são predominantemente o cansaço, a falta de ar e o inchaço das
pernas. Esta patologia é, muitas vezes, o estádio final de outras doenças crónicas
comuns que afetam o coração como a aterosclerose (que leva à angina
de peito e ao enfarte do miocárdio), a hipertensão arterial e a obesidade. No entanto, pode também resultar de alterações das válvulas do coração,
de tóxicos
(como o álcool ou a quimioterapia), de alterações genéticas ou de outras
patologias mais raras.
Para assinalar este dia dedicado à IC e aos nossos doentes que com ela vivem
diariamente, a quem não quero deixar de recordar, pelo caminho difícil que
muitas vezes trilham e que acompanhamos o melhor que podemos, quero deixar duas
mensagens de alerta e otimismo. A primeira
é que a IC é prevenível. Para tal, os hábitos de vida saudável (dieta
equilibrada do tipo mediterrânico, exercício físico, abstinência tabágica e
alcoólica) são fundamentais, mas também o são o controlo das
doenças crónicas, como a hipertensão arterial, a diabetes, o colesterol
elevado e a aterosclerose, a obesidade.
A segunda é que dispomos, cada vez mais, de armas para o tratamento desta doença e
temos vindo a ganhar mais e melhores anos de vida para os nossos doentes. O
tratamento para a IC é eficaz, assim o consigamos fazer chegar aos doentes.
Nesta luta contra a IC, precisamos do
contributo de todos: da população em geral para o esforço da prevenção; dos
doentes, seus familiares e dos profissionais de saúde, para a deteção precoce
da doença (idealmente em fase de pré-IC) e para o seu tratamento célere e
otimizado; dos decisores políticos, para uma maior e melhor atenção à
organização dos cuidados a uma doença com um impacto tão significativo na nossa
sociedade.
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