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quinta-feira, 23 de maio de 2013

O caldo verde - importante para a saúde!

 


*Muita gente sabe que o caldo verde é uma sopa de couve
portuguesa,  tipicamente do norte de Portugal Continental, mas muito
divulgada por todo o país.

Couve é o  nome genérico que se usa para  descrever uma grande
família  de hortaliça caracterizada  por folhas largas, esverdeadas e muito
ricas em nervuras, fibra e vitaminas. Existe uma variedade de
couves: couve galega, couve lombarda, couve crespa, couve penca, couve
tronchuda, couve bastarda, couve repolho, couve bróculo roxo, couve bróculo
branco e até couve flor! Mas a couve preferida para se fazer o caldo
verde, como deve ser, é a couve chamada galega, muito cultivada na
Província do Minho em Portugal.

O caldo verde é muito simples: água, sal,  batata ralada, couves cortadas  às tiras fininhas, azeite português  e
mais nada!


No entanto há muitas donas de casa que não sabem cozinhar  o caldo verde
como deve ser. Não fazem caldo verde para os seus familiares  por que dá
muita maçada a cortar as couves às tiras muito fininhas... Mas talvez a
razão principal seja por  as cozinheiras portuguesas pensarem
que o caldo verde por ter tantas couves não  tem  nenhum valor nutritivo,
não presta para nada! Como estais enganadas,  minhas senhoras!

Se vos disser que de todos os cozinhados tipicamente portugueses o caldo
verde é o melhor para a  nossa saúde?! Que pensais se vos disser,   como
médico,  que o caldo verde evita o cancro?! E se vos disser  que o caldo
verde evita os ataques do coração por reduzir no sangue o colesterol,
pensais que é fantasia!?  E se vos disser mais: que o caldo verde evita as
pedras na vesícula  e evita as hemorroidas?!

É caso para perguntardes: se isso é verdade, porque é que levou tanto tempo
a descobrir que o caldo verde é tão milagroso?!

DOUTOR BURKITT

Na década de setenta o famoso médico inglês Burkitt chefiou um grupo de
médicos da Grã Bretanha que foram para a África  Central estudar as
diferenças entre as doenças que existem na selva e na zona metropolitana de
Londres.

Depois de estudos muito apurados o Dr. Burkitt veio a descobrir  que existe
no continente africano um tipo de cancro  diferente  que é causado por um
vírus. Esta descoberta foi sensacional porque  provou-se, pela primeira vez,
que certos tipos de cancro podem ser causados por vírus.  Em honra desta
descoberta  o mundo médico mundial  passou a chamar a este tipo de
cancro:  Linfoma não-Hodgkin de Burkitt.

Revelo esta informação médica  a respeito do Dr. Burkitt para os leitores
melhor  apreciarem o calibre das observações que a equipa do Dr. Burkitt
veio a registar no que diz respeito às diferenças  que existem  entre a
dieta dos nativos africanos e a dieta do povo londrino.

Primeiro, os médicos ingleses verificaram  que os nativos nunca tinham
prisão de ventre, não contraiam cancro do recto, não tinham ataques do
coração, não sofriam de hemorroidas, nem apendicite aguda!

Surpreendidos com estes factos os médicos britânicos constataram  que os
nativos africanos defecavam ou obravam, durante 24 horas, um volume, QUATRO
VEZES  maior do que qualquer cidadão inglês!

Admirados com este achado, os mesmos médicos prosseguindo com as suas
pesquisas concluíram que a diferença dramática de saúde entre o povo inglês
e os nativos em África se devia ao facto dos africanos comerem NOVENTA POR
CENTO de ALIMENTOS RICOS em FIBRAS VEGETAIS, que não chegam a ser
absorvidos no intestino e  saem nas fezes praticamente intactos, aumentando
assim o volume fecal, evitando  portanto a prisão de ventre!

Nos últimos anos, mais de mil especialistas em todo o mundo  têm publicado
artigos em jornais e revistas médicas sobre as observações da equipa
médica do Dr. Burkitt, CONFIRMANDO que os alimentos melhores para a nossa
saúde são aqueles que têm  mais fibras vegetais não-reabsorvíveis e
que  nos obrigam a visitar mais vezes a retrete....  Eu tive oportunidade de
ouvir uma conferência sobre este assunto pelo Dr. Burkitt,  há vários
anos, no Hospital de Roger Williams, em Providence, Rhode Island,  na
qual o famoso médico usou esta frase bombástica:"É MAIS IMPORTANTE SABERMOS
O VOLUME DA MERDA DIÁRIA DUMA PESSOA DO QUE O VALOR DO SEU AÇÚCAR OU DO SEU
COLESTEROL!"


BENEFÍCIOS DO CALDO VERDE

Para apreciarmos as maravilhosas qualidades do caldo verde temos que
primeiro  analisar o nosso aparelho  digestivo. Qual é o comprimento  do
nosso tubo digestivo?  Qual é a distância que vai da boca até ao ânus?
Resposta: O comprimento do nosso tubo digestivo é quase SETE vezes a altura
de cada pessoa!
Deste modo se um homem tem de altura um metro e meio, o seu
tubo digestivo possui DEZ METROS de comprimento!  É igual à mangueira de
regar o quintal!...                                       

Agora, compreendemos melhor porque é que a Natureza  exige que a nossa
alimentação contenha 90 por cento  de alimentos com fibras vegetais que não
sejam reabsorvidas.
É  preciso que a nossa alimentação contenha substâncias
que não desapareçam, que não sejam reabsorvidas, no percurso do
tubo digestivo, porque de contrário não chegará nada ao fim do canal que
tem em média mais de dez metros de comprimento...

Analisemos agora o conteúdo do caldo verde:

*COUVES - As couves são a parte mais importante do caldo verde porque são
muito ricas em fibras não-reabsorvíveis. Além disso, as couves são muito
ricas em vitamina A e complexos B (tiamina, riboflavina e niacina).
Possuem também cálcio, ferro, fósforo, potássio, mas têm poucas calorias.


AZEITE -- O azeite deve ser português porque é muito rico em ácidos
não-saturados que fazem baixar o colesterol mau.

BATATA --  serve para amaciar, tornar mais homogéneo o sabor do caldo
verde e o seu valor calórico não está fora de ordem.

ÁGUA QUENTE -- A água quente do caldo verde é muito importante, porque  faz
funcionar muito melhor os sucos digestivos e os fermentos ou enzimas do
aparelho digestivo. A água quente faz descontrair os esfíncteres ou
válvulas do aparelho digestivo, estimula a contracção normal da  vesícula
biliar e relaxa o estômago e os intestinos delgado e grosso, tornando a
nossa digestão agradável e saudável. 

SAL-- Não deve ser exagerado. Só o preciso!

CHOURIÇO --  O chouriço - para ser cortado às rodelas e pôr no caldo verde
-- deve ser cozido à parte para se  deitar fora a água  porque esta
contem os produtos cancerígenos do chouriço devido ao processo de ter
sido defumado.

BROA -- A broa deve ser à moda portuguesa, feita com o
farelo e farinha de milho como se coze na nossa terra.

*Quem comer uma malga de caldo verde todos os dias não tem prisão de ventre!
Quem não tem prisão de ventre não tem hemorróidas! Por outro lado, uma
pessoa fazendo as suas necessidades diariamente, o fígado é obrigado a
produzir mais bílis e a vesícula a expelir mais sais biliares para untar a
tripa por dentro para que os alimentos deslizem melhor. Deste modo, saindo
mais bílis (rica em colesterol)  para o exterior  através  das fezes, dá-se
uma baixa de colesterol no sangue, diminuindo os riscos de ataques cardíacos
e de pedras da vesícula (compostas por colesterol)! O caldo verde, faz
também com que a pessoa emagreça e se torne mais saudável e mais feliz.*

CANCRO DO CÓLON

Tem-se verificado uma relação directa entre a prisão de ventre e o cancro
do cólon ou do intestino grosso. Porquê?  Porque quando há prisão de ventre
as fezes ficam paradas no intestino grosso, ou cólon e assim  os produtos
tóxicos  contidos nas FEZES RETIDAS bombardeiam as células da mucosa
intestinal de tal maneira que com a REPETIÇÃO  deste
processo  desencadeia-se o princípio do cancro do cólon ou do intestino
grosso que é uma doença terrível!

Como contra prova dos estudos que a equipa do Dr. Burkitt  observou em
África, deram-se aos nativos africanos dietas iguais à que os ingleses
e americanos usam com McDonalds, "ice cream" ou sorvetes, pizzas, lasanhas,
batatas fritas, etc. Inverteu-se a dieta: em vez de 90 % de dieta com
vegetais os nativos africanos,  passaram a ter uma dieta de SÓ DEZ  por cento
de vegetais. Resultados: Os nativos começaram a engordar, o colesterol
começou a subir, passaram a ter prisão de ventre e a desenvolver hemorróidas
como os ingleses e os americanos!

Parece incrível, mas é verdade! No fim do século XX são os povos primitivos
a ensinar ao homem civilizado, ao homem dos produtos sintéticos e das
pastilhas qual é a alimentação mais saudável!

Há mais de 40 anos visitei as Termas de Melgaço no Norte de Portugal. Estas
termas são especialmente dedicadas a  doentes diabéticos, cardíacos e
renais. Observei então que fazia parte do tratamento obrigatório, a todas as
refeições diárias, um grande prato de caldo verde. E todo o doente que
quisesse comer fora das três  refeições só podia comer mais  outro prato
de caldo verde!  O certo é que todos os doentes melhoravam das suas
enfermidades!

Ainda hoje, em Coimbra quando os estudantes fazem uma farra ou há uma
reunião de curso e se come e se bebe exageradamente... depois duma
bela guitarrada, à meia noite, serve-se sempre um caldo verde -- bem
quente -- para "limpar e acalmar as entranhas"... Quando tiver uma festa
grande em sua casa faça o mesmo: ofereça aos seus convidados um caldo verde
para  despedida e para terem boa viajem!...


RECEITA DO CALDO VERDE À MODA  DE VALENÇA DO MINHO

*Dois litros de água; 4 colheres de sopa de azeite português; 750 gramas de
batatas; 1 ou 2 couves galegas conforme o tamanho; sal; 1 chouriço (cozido à
parte); broa.

TÉCNICA:  Deita-se a água numa panela com o azeite e as batatas descascadas
cortadas em 4 pedaços.  Põe-se sal quanto baste e deixa-se ferver. Quando as
batatas estiverem cozidas, tiram-se e passam-se por um passador.  Voltam à
panela para apurar. Entretanto, cortam-se as couves em tiras o mais fino
possível. Lavam-se e deitam-se na panela QUINZE minutos antes da sopa  ser
servida, deixando a panela ferver DESTAPADA.  Serve-se o caldo verde
em tigelas de barro, com uma rodela de chouriço e um bocadinho de broa.
Por Manuel Luciano da Silva, Médico

 
 

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