Dicionário dos alimentos
Público. 22.12.2011 Por Pedro Carvalho, nutricionista*
O peru pode não encerrar em si a mesma tradição do bacalhau no que à ceia de Natal diz respeito. Em todo o caso, é cada vez mais habitual a sua presença na nossa mesa, justificável em parte, pelas crescentes influências norte-americanas que nos entram em casa em filmes e séries e também pela natural tendência dos mais novos em preferirem um dourado e suculento peru assado ao invés de um bacalhau cozido que, apesar de óptimo, não tem a mesma atractividade.
Sendo originário da América é interessante descobrir que foi inicialmente na Europa que o peru se tornou um habitué da ceia de Natal pela maior carga aristocrática que um assado possuía em relação a um cozido. Aliás, o delicioso engano de Colombo, que ao chegar à América do Norte acreditou ter descoberto um novo caminho para a Índia, faz com que ainda hoje o peru seja denominado em diversas línguas de “galo da Índia”.
O peru partilha das duas ideias intimamente ligadas às carnes de aves, vulgo carnes “brancas”: são mais saudáveis do que as de mamíferos, vulgo carnes “vermelhas”; e são igualmente muito secas. Ambas se poderão constituir como duas meias verdades. Assim, a carne de peru possui menos gordura, tornando-se consequentemente mais interessante do ponto de vista nutricional a partir do momento em que lhe retiramos a pele e confeccionamos de modo saudável. Os já míticos pratos “Strogonoff” e “Bifinhos de Peru com Cogumelos” são duas formas de desvirtuar o seu consumo ao adicionar-lhe em natas, a gordura que o peru naturalmente não tem. É esta escassez de gordura que por vezes rotula a carne de peru como uma carne “seca”, no entanto esta variável está em grande parte dependente do modo como a mesma é cozinhada, e que muitas vezes não preserva as suas melhores propriedades sensoriais.
É interessante concluir que, apesar da tendência natural em associar o ferro às carnes de mamíferos, a carne de peru tem quantidades semelhantes ou até superiores deste mineral do que a de vaca e porco com a vantagem de ter um menor teor de gordura associado. Temos assim um bom exemplo de produto de origem animal que nos aporta os já tradicionais micronutrimentos zinco, selénio, ferro e vitamina B12 a troco de pouca gordura.
Assim, nesta Consoada, recheie saudavelmente o peru com ervas aromáticas e legumes em detrimento do sal e enchidos, trinche-o em família e aproveite ao máximo mais esta boa notícia de Natal.
Um Feliz Natal a todos os leitores!
*Professor Assistente Convidado da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
pedrocarvalho@fcna.up.pt
O peru pode não encerrar em si a mesma tradição do bacalhau no que à ceia de Natal diz respeito. Em todo o caso, é cada vez mais habitual a sua presença na nossa mesa, justificável em parte, pelas crescentes influências norte-americanas que nos entram em casa em filmes e séries e também pela natural tendência dos mais novos em preferirem um dourado e suculento peru assado ao invés de um bacalhau cozido que, apesar de óptimo, não tem a mesma atractividade.
Sendo originário da América é interessante descobrir que foi inicialmente na Europa que o peru se tornou um habitué da ceia de Natal pela maior carga aristocrática que um assado possuía em relação a um cozido. Aliás, o delicioso engano de Colombo, que ao chegar à América do Norte acreditou ter descoberto um novo caminho para a Índia, faz com que ainda hoje o peru seja denominado em diversas línguas de “galo da Índia”.
O peru partilha das duas ideias intimamente ligadas às carnes de aves, vulgo carnes “brancas”: são mais saudáveis do que as de mamíferos, vulgo carnes “vermelhas”; e são igualmente muito secas. Ambas se poderão constituir como duas meias verdades. Assim, a carne de peru possui menos gordura, tornando-se consequentemente mais interessante do ponto de vista nutricional a partir do momento em que lhe retiramos a pele e confeccionamos de modo saudável. Os já míticos pratos “Strogonoff” e “Bifinhos de Peru com Cogumelos” são duas formas de desvirtuar o seu consumo ao adicionar-lhe em natas, a gordura que o peru naturalmente não tem. É esta escassez de gordura que por vezes rotula a carne de peru como uma carne “seca”, no entanto esta variável está em grande parte dependente do modo como a mesma é cozinhada, e que muitas vezes não preserva as suas melhores propriedades sensoriais.
É interessante concluir que, apesar da tendência natural em associar o ferro às carnes de mamíferos, a carne de peru tem quantidades semelhantes ou até superiores deste mineral do que a de vaca e porco com a vantagem de ter um menor teor de gordura associado. Temos assim um bom exemplo de produto de origem animal que nos aporta os já tradicionais micronutrimentos zinco, selénio, ferro e vitamina B12 a troco de pouca gordura.
Assim, nesta Consoada, recheie saudavelmente o peru com ervas aromáticas e legumes em detrimento do sal e enchidos, trinche-o em família e aproveite ao máximo mais esta boa notícia de Natal.
Um Feliz Natal a todos os leitores!
*Professor Assistente Convidado da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
1 comentário:
Este blog é portugues ou brasileiro ?
Acho que Portugal em vez de pretender ser um estado da Europa, devia era pretender ser um estado brasileiro. Colheria as vantagens da família, em vez de se aliar a estranhos.
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