Transcrição de
Linhaça
Público. 17.05.2012 Por Pedro Carvalho, nutricionista, Assistente Convidado da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, pedrocarvalho@fcna.up.pt
As sementes de linhaça são daquelas “coisas novas” que vale a pena experimentar. De facto, apesar de nos parecer um alimento relativamente novo, o consumo de sementes de linhaça remonta aos tempos da Grécia Antiga. Tiveram o seu ponto alto quando o imperador Carlos Magno, de tão fascinado com a sua versatilidade quer no uso culinário como também na vertente têxtil, legislou não só o seu cultivo como inclusive a obrigatoriedade do seu consumo.
Quando se fala de “ómega 3” somos inevitavelmente transportados para o universo dos peixes gordos, como a sardinha, salmão e cavala. Esta associação, fazendo todo o sentido, não implica no entanto que não existam outros alimentos também muito ricos nestes ácidos gordos. As sementes de linhaça - para além de um extraordinário teor de fibra - têm justamente nos ómega 3 o seu maior foco de interesse. Há todavia que reconhecer que este ácido alfa-linolénico (ALA) das sementes de linhaça não tem a mesma sustentação científica no que diz respeito à protecção cardiovascular que os seus análogos eicosapentaenóico (EPA) e docosahexaenóico (DHA) provenientes dos peixes gordos.
Em todo o caso, cerca de 10 a 15% da quantidade de ALA ingerida consegue ser convertida em EPA e DHA, o que faz das sementes e do óleo de linhaça uma fonte primordial de ómega 3 para quem não ingere peixe. Para além dos benefícios na saúde cardiovascular, que englobam uma melhoria da actividade anti-inflamatória, anti-aterogénica e antiarrítmica associada a uma ligeira diminuição observada nos níveis de “mau” colesterol, as sementes de linhaça possuem igualmente um considerável potencial anticancerígeno derivado da sua elevada quantidade de linhanos. Estes compostos são fitoestrogénios com actividade semelhante às isoflavonas da soja e, como tal, poderão ser igualmente úteis na diminuição do risco de doenças cardiovasculares e do cancro da próstata e estômago.
A versatilidade destas sementes na nossa alimentação aumenta ainda mais o seu interesse uma vez que poderá ser facilmente adicionada a sopas, saladas, batidos e iogurtes, tal como na confecção de pão e outras preparações caseiras como muesli ou cereais. Uma vez que a biodisponibilidade quer dos ácidos gordos ómega 3 quer dos linhanos aumenta quando a semente é moída, deverá existir o cuidado de a consumir logo após a moagem de modo a aproveitar ao máximo os seus benefícios sem a expor à oxidação.
Assim, as sementes de linhaça são daqueles casos em que primeiro estranha-se, depois entranha-se. Independentemente da razão, desde a não ingestão de peixes gordos até à melhoria do trânsito intestinal passando pela diminuição do colesterol, o certo é que quem já as experimentou dificilmente passa sem elas.
Linhaça
Público. 17.05.2012 Por Pedro Carvalho, nutricionista, Assistente Convidado da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, pedrocarvalho@fcna.up.pt
As sementes de linhaça são daquelas “coisas novas” que vale a pena experimentar. De facto, apesar de nos parecer um alimento relativamente novo, o consumo de sementes de linhaça remonta aos tempos da Grécia Antiga. Tiveram o seu ponto alto quando o imperador Carlos Magno, de tão fascinado com a sua versatilidade quer no uso culinário como também na vertente têxtil, legislou não só o seu cultivo como inclusive a obrigatoriedade do seu consumo.
Quando se fala de “ómega 3” somos inevitavelmente transportados para o universo dos peixes gordos, como a sardinha, salmão e cavala. Esta associação, fazendo todo o sentido, não implica no entanto que não existam outros alimentos também muito ricos nestes ácidos gordos. As sementes de linhaça - para além de um extraordinário teor de fibra - têm justamente nos ómega 3 o seu maior foco de interesse. Há todavia que reconhecer que este ácido alfa-linolénico (ALA) das sementes de linhaça não tem a mesma sustentação científica no que diz respeito à protecção cardiovascular que os seus análogos eicosapentaenóico (EPA) e docosahexaenóico (DHA) provenientes dos peixes gordos.
Em todo o caso, cerca de 10 a 15% da quantidade de ALA ingerida consegue ser convertida em EPA e DHA, o que faz das sementes e do óleo de linhaça uma fonte primordial de ómega 3 para quem não ingere peixe. Para além dos benefícios na saúde cardiovascular, que englobam uma melhoria da actividade anti-inflamatória, anti-aterogénica e antiarrítmica associada a uma ligeira diminuição observada nos níveis de “mau” colesterol, as sementes de linhaça possuem igualmente um considerável potencial anticancerígeno derivado da sua elevada quantidade de linhanos. Estes compostos são fitoestrogénios com actividade semelhante às isoflavonas da soja e, como tal, poderão ser igualmente úteis na diminuição do risco de doenças cardiovasculares e do cancro da próstata e estômago.
A versatilidade destas sementes na nossa alimentação aumenta ainda mais o seu interesse uma vez que poderá ser facilmente adicionada a sopas, saladas, batidos e iogurtes, tal como na confecção de pão e outras preparações caseiras como muesli ou cereais. Uma vez que a biodisponibilidade quer dos ácidos gordos ómega 3 quer dos linhanos aumenta quando a semente é moída, deverá existir o cuidado de a consumir logo após a moagem de modo a aproveitar ao máximo os seus benefícios sem a expor à oxidação.
Assim, as sementes de linhaça são daqueles casos em que primeiro estranha-se, depois entranha-se. Independentemente da razão, desde a não ingestão de peixes gordos até à melhoria do trânsito intestinal passando pela diminuição do colesterol, o certo é que quem já as experimentou dificilmente passa sem elas.
2 comentários:
Este é daqueles post's que vale mesmo a pena ler. Muito obrigado pelo contributo!
Kate,
Obrigado pela visita e pelas palavras.
Procuramos colocar ao serviço dos nossos visitantes aquilo que encontramos com provável interesse.
Muitos destes assuntos são-nos enviados por quem nos visita, com indicação da sua origem .
beijos
João
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